A greve dos professores da rede pública mineira traz à tona a situação atual em que se encontra a categoria.
A desvalorização da profissão é atribuida aos governos que numca trataram eficientemente desta questão. Pelo contrário. Se esforçam para manter a baixa qualidade, que lhes serve como promessa em vespéras de eleições.
Porém, não é a unica explicação. A desvalorização do magistério não é obra exclusiva de governadores ineptos.
Não podemos creditar este quadro somente a estes cleptomaníacos. A situação da educação também é culpa daqueles que participam diretamente da vida escolar, ou seja, professores, alunos e pais.
Sei que esta afirmação pode causar espanto. Porém, uma análise superficial da realidade escolar nos mostra que a educação pública em Minas Gerais está sucateada. O sistema de ensino está em falência. Ainda não faliu devido a dedicação de muitos professores. Porém, só isto não salvará a educação pública.
A falha está exatamente na falta de coesão da categoria. Nossa representatividade é fraca. Assistimos a economistas, advogados, médicos e outros opinarem sobre os males da educação. Todos tem uma fórmula mágica. Estes atuam exatamente no vácuo que não ocupamos.
Assistimos passivamente ao processo de desustruração do ensino público, acelerado pelo "choque de gestão" do abominável Aécios das Neves. Assistimos passivamente as mentiras propagada por este sujeito. O que fizemos nós?
Outras categorias reclamam por muito menos. Os metalúrgicos, por exemplo, ganham salários maiores. Por qual razão? Serão os empresários do setor metalúrgico mais caridosos, ou serão os metalúrgicos mais organizados?
Por que outras categorias que exigem menor grau de instrução recebem mais? Por que aguardamos eternamente que as promessas eleitorais se tornem realidade? Por que aguardamos o desmonte do IPSEMG? Por que tanta passividade?
Esta greve iniciada no dia 8 de abril comprova o que estou dizendo. Foi preciso que o governador nos ignorasse por completo para nos levantarmos contra ele. O índice de adesão a greve aumentou a medida que o governador nos castigava com seu autoritarismo, expresso em ofícios covardes que contrariam o bom senso e as Leis.
Aceitarmos as determinaçãos do executivo seria o suícidio coletivo de nossa classe? A pá de cal sobre o magistério. Seria nos colocarmos em situação de obediência cega ao executivo.
Temos que nos mantermos unidos após a greve, não importanto o seu resultado. A nossa maior conquista seria o fortalecimento da categoria, o aumento da nossa representatividade e a coesão do professorado. Temos que nos tornar atores ativos na transformação da realidade escolar, e não meros expectadores esperando uma solução messiânica.